“Estou grávida e não sou imune à toxoplasmose. O meu médico aconselhou-me a livrar-me do meu gato.” – Infelizmente, esta frase é muitas vezes utilizada por muitas grávidas aconselhadas por profissionais de saúde mal informados.
A toxoplasmose é uma zoonose, uma doença infecciosa causada pelo protozoário Toxoplasma gondii. É especialmente perigosa para a mulher grávida que nunca tenha tido a doença, pois pode causar malformações fetais. Ocorre em animais domésticos e silvestres, incluindo porcos, cabras, aves, bovinos, cães e gatos. Estes últimos geralmente são responsabilizados pela transmissão directa da toxoplasmose aos humanos. Mas pesquisas recentes provam que esta associação é incorrecta na maioria das vezes, uma vez que o organismo causador da doença, após um período de incubação no animal, é expelido pelas fezes. Assim sendo, para evitar o contágio, basta uma boa higienização da caixa de areia do animal e uma correta lavagem das mãos sempre que se tiver contacto com terra onde possa haver vestígios de fezes.
Segundo a Organização Mundial de Saúde a principal preocupação não é o contacto com os gatos domésticos, mas sim a ingestão de microrganismos presentes nos alimentos, principalmente carne vermelha mal cozinhada (principalmente de porco e de carneiro), água contaminada e frutos e legumes mal lavados. Para evitar a doença, é fundamental uma boa higiene alimentar, cozinhando bem os alimentos, evitando a ingestão de enchidos e fumados e lavando a fruta e salada cuidadosamente (aconselha-se a desinfecção da fruta e saladas com adição de uma pequena porção de vinagre ou lixívia à água de lavagem ou então o uso de produtos disponíveis no mercado).
Se o seu gato não tem acesso a carne crua na sua alimentação e não tem acesso ao exterior, é praticamente impossível estar contaminado com a doença, mas, se ainda assim tiver dúvidas, peça a alguém que trate da sua caixa da areia ou use luvas ao fazê-lo e estará completamente segura.
Os velhos mitos que dizem que não se deve pegar no gato ao colo ou encostá-lo à barriga são apenas mitos infundados, dos tempos onde a informação era inexistente e têm tanto valor como aqueles que desaconselham o banho às mulheres menstruadas, por exemplo.
Os profissionais de saúde estão por vezes mal informados sobre a doença, por ignorância das formas de transmissão e contágio, o que leva muitas vezes ao abandono do seu animal de estimação.
Formas de contágio:
• Contacto directo com as fezes do animal doente por via oral (levando as mãos à boca sem as lavar bem, por exemplo).
• Ingestão de alimentos e água contaminados, principalmente carnes mal passadas e verduras mal lavadas.
Formas de Prevenção:
• Eliminar as fezes do gato diariamente da caixa de areia, usando luvas e/ou lavando muito bem as mãos após realizar essa tarefa;
• Não alimentar seu animal com carne crua ou permitir que ele tenha acesso à rua;
• Lavar bem as mãos antes de mexer com os alimentos;
• Lavar bem frutas, verduras e legumes crus;
• Não beber água que não seja filtrada ou fervida;
• Beber leite pasteurizado.
Os infeciologistas recomendam precaução, mas afirmam que não existe necessidade de afastar o gato de estimação do contacto com a família.
Se possui um gato que já há algum tempo vive exclusivamente dentro de casa e que não se alimenta de carne crua, não corre qualquer risco. Está provado que manusear carne crua ou trabalhar em jardinagem sem luvas é mais arriscado do que acariciar e manusear o seu gato. Se ainda assim tem dúvidas, pode testar o seu gato no veterinário. Converse com ele a esse respeito.